A tecnologia GPON já é bem difundida e bastante utilizada por servidores de serviço, para fornecer acesso aos seus assinantes. Nos últimos anos tem se tornado uma opção também para redes corporativas.
O apelo é o menor investimento em infraestrutura física, utilização de menos cabos, menor ocupação no rack, tráfego criptografado e tecnologia imune a interferência eletromagnética (fibra), entre outros.
Um dos fabricantes que tem investido nessa área é a Furukawa, que possui uma linha de produtos (Laserway) destinada a este mercado.
Dentro desta linha de produtos temos OLTs standalone (G4S, G8S) e também chassi como a G2500. Da mesma forma existem algumas opções de ONTs (com e sem PoE, e modelo industrial).
Neste tipo de cenário a OLT pode substituir o core da rede, ou ser utilizada junto com ele. As ONTs passam a fazer o papel dos switches de acesso, sendo no entanto, gerenciados através da OLT (ponto único para administração).
Configuração GPON Furukawa Laserway
Podemos considerar a OLT – Optical Line Terminal, um equipamento hibrido, com uma parte Ethernet e uma parte GPON.
Na parte ethernet temos as funcionalidades normais de switch (VLANs, STP, LACP,…) e roteador (roteamento estático e dinâmico).
Na parte GPON é onde fazemos a configuração dos profiles e das ONTs.
Neste exemplo teremos o conunto OLT/ONTs fazendo o papel de rede de acesso, deixando o roteamento no switch Core.
Configuração básica
No modo Global fazemos as configurações iniciais do equipamento.
Estas configurações foram testada em uma G8S, mas é a muito semelhante para outro modelos de OLT Furukawa Laserway.
conf t
! configurações comuns, como fazemos em outros equipamentos de rede
hostname OLT01
passwd enable 8 bJIUWMrdjLcTU
service password-encryption
time-zone GMT-3
dns search brainwork.local
dns server 10.10.0.20
ntp a.ntp.br
syslog output info local volatile
syslog output info local non-volatile
no service telnet
no service tftp
no service ftp
ssh server enable! interface VLAN, para gerenciamento
interface br10
no shutdown
ip address 10.10.0.3/24
! rota default
ip route 0.0.0.0/0 10.10.0.1
Ethernet – Modo Bridge
Neste exemplo vamos usar a OLT apenas como equipamento de camada 2. O gateway das VLANs neste caso é o switch core, conectado na OLT.
A configuração de funcionalidades Layer 2 são realizadas no modo Bridge.
conf t
! entrando no modo bridge
bridge! criando as vlans
vlan create 10,20,30,40! adicionando a vlan default (1) nas interfaces de 1 a 8 (interfaces OLT – GPON)
vlan add default 1-8 tagged! adicionando a vlan default (1) nas interfaces 17 e 18, uplink
! não tagueada porque a vlan 1 é a vlan nativa no switch Core
vlan add default 17-18 untagged! adicionando as vlans 10,20,30 e 40 nas interfaces OLT – GPON e também nas portas de uplink
vlan add br10 1-8,17-18 tagged
vlan add br20 1-8,17-18 tagged
vlan add br30 1-8,17-18 tagged
vlan add br40 1-8,17-18 tagged! configurando LACP
lacp aggregator 0
lacp port 17-18 aggregator 0! habilitando STP e configurando modo RPVST
spanning-tree
spanning-tree mode rapid-pvst
Configuração GPON
No modo GPON configuramos parâmetros “gerais”, criamos os DBA Profiles, os Extended VLAN Tagging Operation, Traffic Profiles e por fim os ONU Profiles, que aplicamos às ONTs.
No modo geral precisamos especificar um GEM ID para o tráfego multicast, que é separado dos demais tráfegos downstream – broadcast.
Também é recomendado habilitar o igmp snooping.
conf t
! entrando no modo gpon
gpon
olt multicast-gem 4094
olt interwork igmp-snooping enable
DBA Profile
O DBA Profile é onde definimos como será a alocação de banda de cada ONT e também o modo de report.
Neste exemplo estamos trabalhando com reporte no modo SR, temos uma banda mínima garantida e também definimos qual será o máximo permitido (1 Gbps neste exemplo).
Este profile será aplicado a todas as ONTs, e assim estaremos deixando a OLT fazer o controle dinâmico da banda de todos os usuários.
dba-profile DBAPADRAO create
mode sr
sla fixed 128
sla maximum 1031616
apply
É possível mudar a configuração ou criar outro DBA profile onde podemos definir uma banda fixa, garantindo que a ONT que receber este profile sempre terá banda a sua disposição, ou ainda definir uma banda máxima menor, limitando a velocidade.
Extended Vlan Tagging Operation
No perfil Extended VLAN Tagging Operation configuramos as portas ethernet das ONTs, onde estão conectados os clientes (computadores e demais equipamentos de rede).
Assim como em um switch, a porta pode ser configurada como acesso ou trunk. Vamos criar as “operações” para cada VLAN de acesso e também para o modo trunk.
Nas portas de acesso, além de especificar a tag de VLAN vamos marcar os pacotes com CoS 0.
! definindo a operação para a VLAN10
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN10 create
downstream-mode enable
untagged-frame 1
treat inner vid 10 cos 0 tpid 0x8100
apply! definindo a operação para a VLAN20
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN20 create
downstream-mode enable
untagged-frame 1
treat inner vid 20 cos 0 tpid 0x8100
apply! definindo a operação para a VLAN30
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN30 create
downstream-mode enable
untagged-frame 1
treat inner vid 30 cos 0 tpid 0x8100
apply! definindo a operação para a VLAN40
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN40 create
downstream-mode enable
untagged-frame 1
treat inner vid 40 cos 0 tpid 0x8100
apply! definindo a operação para TRUNK
! note que neste caso estamos mantendo a marcação de CoS recebida na VLAN20 (VLAN de voz neste caso)
extended-vlan-tagging-operation TRUNK_VLAN10_VLAN20 create
downstream-mode enable
dscp-to-cos-map default-map
untagged-frame 1
treat inner vid 10 cos 0 tpid 0x8100
single-tagged-frame 1
filter inner vid 20 cos any tpid 0x8100
treat remove single
treat inner vid 20 cos copy-inner tpid copy-inner
apply
Traffic Profile
O Traffic Profile é onde definimos as configurações de GEM Port, T-Cont, bridge (falamos um pouco disso no post anterior) e ainda associamos os VLAN Tagging Operations e DBA Profile criados anteriormente.
Podemos ver que temos duas partes distintas no Traffic Profile: ANI e UNI.
ANI é a porção GPON da ONT, e UNI e parte Ethernet.
! criando o traffic profile, com 4 Gemport, 4 Tcont e 4 mapper (um para cada VLAN) e 3 bridges
traffic-profile TP_ACESSO create
tcont 1
gemport 1/1
dba-profile DBAPADRAO
tcont 2
gemport 2/1
dba-profile DBAPADRAO
tcont 3
gemport 3/1
dba-profile DBAPADRAO
tcont 4
gemport 4/1
dba-profile DBAPADRAO
mapper 1
gemport count 1
mapper 2
gemport count 1
mapper 3
gemport count 1
mapper 4
gemport count 1! bridge 1, onde temos duas VLANs (10 e 20, Trunk)
bridge 1
ani mapper 1
vlan-filter vid 10 untagged allow
ani mapper 2
vlan-filter vid 20 untagged allow
uni eth 1
vlan-filter vid 10,20 untagged allow
extended-vlan-tagging-operation TRUNK_VLAN10_VLAN20
uni eth 2
vlan-filter vid 10,20 untagged allow
extended-vlan-tagging-operation TRUNK_VLAN10_VLAN20! bridge 2, para VLAN 30
bridge 2
ani mapper 3
vlan-filter vid 30 untagged allow
uni eth 3
vlan-filter vid 30 untagged allow
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN30! bridge 3, para VLAN 40
bridge 3
ani mapper 4
vlan-filter vid 40 untagged allow
uni eth 4
vlan-filter vid 40 untagged allow
extended-vlan-tagging-operation ACESSO_VLAN40
apply
Importante notar que temos uma amarração estática de VLANs e portas. Assim, quem conectar na porta 1 e 2 da ONT terá acesso a VLAN 10 (os pacotes podem vir sem tag) e à VLAN 20 (os pacotes precisam vir tagueado – VLAN para telefones IP).
Todo tráfego que chegar à porta 3 será associado a VLAN 30, e o tráfego na porta 4 da ONT será associado à VLAN 40.
Onu Profile
O ONU Profile é o que vai por fim ser associado à ONT.
Neste profile indicamos o Traffic Profile que deverá ser utilizado, e opcionalmente podemos ativar a detecção de loop.
onu-profile ONU_PROFILE1 create
traffic-profile TP_ACESSO
loop-detect enable
apply
Terminando a configuração temos os profiles amarrados, conforme ilustração abaixo .
Porta PON
A porta OLT, conectada ao mundo PON, é onde fazemos a associada do ONU Profile à ONT.
Também aqui que especificamos como será o processo de descoberta de ONTs na rede, habilitamos a checagem de erro e sinal.
Opcionalmente podemos colocar uma descrição na ONT, ativar o PoE das interfaces da ONT, caso esta tenha suporte, e ainda configurar a velocidade destas interfaces.
conf t
gpon! entrando na interface OLT 1
gpon-olt 1
olt auto-to-manual enable
olt fec-mode us enable
olt signal-check enable
olt us-flow-mapping per-gem
discover-serial-number start 10! onu adicionada manualmente
onu add 1 FISA4f10dc82 auto-learning! descrição da ONT
onu description 1 MYONT001! associando o ONU Profile à ONT
onu-profile 1 ONU_PROFILE1! habilitando PoE na ONT e configurando as interfaces Gigabit/Full Duplex
onu port-config 1 uni eth 1-4 power-control enable
onu port-config 1 uni eth 1-4 speed 1000 duplex full
Existem muitas outras opções que podem ser configuradas, mas acredito que esta configuração seja suficiente para a maior parte dos ambientes.
Até a próxima.
6 Comments
Oi André, eu novamente aqui ! Sabes se é possivel por portas das ONT’s em vlans diferentes ?
Porta 1 e 2 na vlan1 por exemplo e portas 3 e 4 na vlan 2 .
Sim, é possível.
Olá André Ortega, estou com um chassi Furukawa G2500, estamos com uma estrutura que em cada prédio esta ont, e ligado na porta eth1 um switch gerenciável, ligação entre ont e switch é com vlans tagueadas, fiz um teste modificando seu extended-vlan-tagging-operation TRUNK_VLAN10_VLAN20, mas tagueando as duas vlans, e apenas passou a vlan20, aonde posso estar errando?
Precisaria ver a configuração para entender melhor.
Lembre-se que neste caso os equipamentos precisam taguear a VLAN. O equipamentos da VLAN 10 está enviando o tráfego tagueado?
Opa ! Tudo certo ?
Estou em um cliente com chassi da furukawa, uma OLT.
É um centro de eventos e estou pensando em deixar passar apenas a VLAN1 sem Tag e um range especifico com Tag.
Fiquei confuso se só o tag resolve ou se preciso configurar um trunk em cima da interface bridge. As ONUS em muitos casos aqui estão conectadas a Switchs ciscos, que estão com as portas em modo trunk, passando o range de vlan que comentei.
Numa, não sei se entendi o cenário, mas a configuração de bridge é usada pela OLT para falar com o “mundo externo” (com um switch core, por exemplo).
Então se as VLANs que estão sendo usadas forem roteadas no switch core, precisaria sim configurar o trunk (especificar a interface de uplink no modo bridge).
Não precisa criar um interface bridge neste caso.