Parâmetro VPN IPSec – Fase 1 e Fase 2

Para uma VPN site-to-site IPsec funcionar corretamente, os parâmetros das Fases 1 e 2 precisam estar perfeitamente alinhados nos dois lados da conexão. Se houver qualquer divergência, o túnel pode não subir — ou até subir, mas sem passar tráfego.

VPN Site to Site - Protocolos

Neste post, vamos revisar o que precisa dar match nas duas fases.

Fase 1 – IKE (Internet Key Exchange)

Nesta etapa, os dois dispositivos (firewalls, roteadores ou appliances VPN) estabelecem um canal seguro para negociar os parâmetros da Fase 2. É aqui que ocorre a autenticação inicial e o acordo sobre os métodos de segurança.

Parâmetros obrigatórios que precisam dar match:

  • IKE Version: Ambos os lados devem a mesma versão (v1 ou v2).
  • Modo de negociação: Main Mode (mais seguro, com 6 mensagens) ou Aggressive Mode (mais rápido, com 3 mensagens, mas menos seguro). O modo deve ser o mesmo nos dois lados.
  • Método de Autenticação: Pode ser uma chave pré-compartilhada (Pre-Shared Key) ou certificados digitais. Se usar uma chave pré-compartilhada, ela deve ser idêntica em ambos os lados. No caso de certificados, eles devem ser configurados corretamente.
  • Algoritmo de Criptografia: Define como os dados do canal IKE serão criptografados. Exemplos comuns incluem AES-128, AES-256 ou o mais antigo 3DES. Ambos os lados devem usar o mesmo algoritmo.
  • Algoritmo de Autenticação (HASH): Garante a integridade dos dados. Opções típicas são SHA-1, SHA-256. Certifique-se de que ambos os dispositivos estão configurados com o mesmo.
  • Diffie-Hellman Group: Usado para a troca segura de chaves. Exemplos incluem Grupo 2 (1024 bits), Grupo 5 (1536 bits) ou Grupo 14 (2048 bits). Esse parâmetro deve ser igual.

Se qualquer um desses parâmetros estiver diferente, a Fase 1 não será concluída com sucesso.

Embora não seja obrigatório que coincida, é recomendado configurar o tempo de vida do Security Association (SA) IKE com o mesmo valor, para evitar renegociações desnecessárias. A configuração geralmente é em segundos.

Fase 2 – IPsec

Depois da Fase 1, os dispositivos negociam os parâmetros para proteger o tráfego de dados real.

Parâmetros obrigatórios que precisam dar match:

  • Protocolo de Segurança: Escolha entre ESP (Encapsulating Security Payload), que oferece criptografia e autenticação, ou AH (Authentication Header), que fornece apenas autenticação. Ambos os lados devem usar o mesmo protocolo.
  • Algoritmo de Criptografia (para ESP): Se usar ESP, o algoritmo de criptografia (ex.: AES-128, AES-256, 3DES) deve ser o mesmo nos dois lados.
  • Algoritmo de Autenticação (para ESP ou AH): Assim como na Fase 1, opções como SHA-1, SHA-256 ou MD5 devem coincidir.
  • Perfect Forward Secrecy (PFS) (opcional): Se ativado, o grupo Diffie-Hellman (ex.: Grupo 2, 5, 14) deve ser o mesmo em ambos os lados para garantir a segurança das chaves.
  • Modo de Encapsulamento: Geralmente, para VPNs site-to-site, usa-se o Tunnel Mode, que encapsula todo o pacote IP. O Transport Mode é mais comum em cenários host-to-host. Ambos os lados devem usar o mesmo modo.
  • Proxy-IDs (Traffic Selectors): Define quais sub-redes ou IPs serão protegidos pelo túnel (ex.: 192.168.1.0/24 para um lado e 10.0.0.0/24 para o outro). Esses seletores de tráfego devem ser espelhados corretamente, ou seja, a sub-rede local de um lado deve corresponder à sub-rede remota do outro.

Assim como na Fase 1, o Lifetime do SA (em segundos ou kilobytes) não precisa ser o mesmo dos dois lados, mas deve preferencialmente ser igual para evitar renegociações frequentes.

Outros Fatores Importantes

Além dos parâmetros das fases 1 e 2, há outros pontos que podem impactar o funcionamento da VPN:

  • Endereços IP dos Peers: Os IPs públicos dos dispositivos devem estar corretamente configurados e acessíveis.
  • NAT Traversal (NAT-T): Se houver NAT entre os dispositivos, o NAT-T (UDP 4500) deve estar habilitado.
  • Firewall: Libere as portas UDP 500 (IKE), UDP 4500 (NAT-T) e o protocolo ESP (ou AH) nas regras de firewall se houver um firewall entre os peers.

IKEv2

Para uma VPN site-to-site IPsec IKEv2 funcionar, os parâmetros que precisam coincidir (dar “match”) em ambas as extremidades nas fases 1 e 2 são semelhantes aos do IKEv1, mas com algumas diferenças devido à natureza simplificada e mais flexível do IKEv2.

O IKEv2 combina as fases em menos trocas de mensagens, mas ainda podemos pensar em termos de “Fase 1” (IKE_SA_INIT e IKE_AUTH) e “Fase 2” (CREATE_CHILD_SA). Vamos detalhar os parâmetros necessários.

Fase 1: IKE_SA_INIT e IKE_AUTH (Estabelecimento do SA IKE)

Na Fase 1, o IKEv2 estabelece o canal seguro de gerenciamento (IKE SA) e autentica os peers. Os seguintes parâmetros devem ser idênticos nos dois lados:

  • Algoritmo de Criptografia
  • Algoritmo de Autenticação (Integridade/Hash)
  • Grupo Diffie-Hellman (DH)
  • Método de Autenticação
  • Propostas de Transform Sets

O tempo de vida do IKE SA (em segundos) não precisa ser idêntico, mas é recomendado configurar valores semelhantes para evitar renegociações frequentes.

Notas sobre IKEv2 na Fase 1:

  • IKEv2 não diferencia entre Main Mode e Aggressive Mode (como no IKEv1). Ele usa uma troca inicial mais eficiente (IKE_SA_INIT e IKE_AUTH).
  • NAT Traversal (NAT-T) é nativo no IKEv2 e ativado automaticamente se necessário (UDP 4500).

Fase 2: CREATE_CHILD_SA (Estabelecimento do SA IPsec)

Na Fase 2, o IKEv2 cria os SAs IPsec (Child SAs) para proteger o tráfego de dados. Os parâmetros que devem coincidir incluem:

  • Protocolo de Segurança
  • Algoritmo de Criptografia (para ESP)
  • Algoritmo de Autenticação (para ESP ou AH)
  • Perfect Forward Secrecy (PFS) (opcional, se usado precisa ser o mesmo dos dois lados)
  • Modo de Encapsulamento (Tunnel Mode – padrão para site-to-site, ou Transport Mode)

Lfietime e Traffic Selectors

  • Traffic Selectors (TS): As sub-redes ou IPs de origem e destino (ex.: 192.168.1.0/24 para um lado e 10.0.0.0/24 para o outro) devem corresponder. No IKEv2, os Traffic Selectors são mais flexíveis e podem ser negociados, mas precisam ser compatíveis.
  • Lifetime do SA (opcional): O tempo de vida do Child SA (em segundos ou kilobytes) deve preferencialmente ser igual para evitar renegociações.

Resumo: VPNs não perdoam divergências.

Mesmo uma pequena diferença — como um SHA256 de um lado e um SHA1 do outro — já é suficiente para impedir que o túnel funcione. Por isso, revisar os dois lados da configuração é essencial para o sucesso da VPN.

Até a próxima

Leave a Reply

About Us

Luckily friends do ashamed to do suppose. Tried meant mr smile so. Exquisite behaviour as to middleton perfectly. Chicken no wishing waiting am. Say concerns dwelling graceful.

Services

Most Recent Posts

  • All Post
  • Branding
  • Certificação
  • Cisco
  • Cloud
  • Configuração
  • Configuração Básica
  • Development
  • Geral
  • Informação
  • Leadership
  • Linux
  • Management
  • Microsoft
  • Network
  • Security
  • UC
  • Virtualização
  • Wireless

Company Info

She wholly fat who window extent either formal. Removing welcomed.

Your Business Potential with Our Proven Strategies

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.
Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit.

Company

About Us

Contact Us

Products

Services

Blog

Features

Analytics

Engagement

Builder

Publisher

Help

Privacy Policy

Terms

Conditions

Product

Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit.
You have been successfully Subscribed! Ops! Something went wrong, please try again.
© 2023 Created with Royal Elementor Addons